Crítica

EMANUEL VON LAUENSTEIN MASSARANI

M. Clarice Sarraf percebe intensamente a complexidade da paisagem urbana: a observa, a descobre, a compreende fixando-a sobre a tela após uma análise peculiar feita com uma lente, espelho de sua sensibilidade e capacidade material de compor e decompor.

Dessa percepção nasceu quadros seguros, que constituem o documento e a apresentação de uma artista que desenvolve a sua evasão espiritual criativa na busca de um gesto, uma forma, um traço, uma luz. O todo tem origem de um único ponto “à cor que fala”., por intermédio da qual uma série de fusões nascem entre matéria e desenho.

Cada quadro de Clarice Sarraf é a síntese de duas pesquisas: a pintura feita de algumas manchas com tinta aguada distribuída a pinceladas e a segunda do buril, da intervenção segura do desenho e da cor criando assim sobre o lastro matérico algo que lhe dá vida.

É sempre difícil dizer algo de novo partindo do perfil e das cores de uma metrópole como São Paulo. A artista o consegue, apaixonando-se de suas fachadas perfiladas, e nos restituindo. através de suas obras a vida que arde por detrás dos vitrais fechados.

Oscar D´Ambrosio

“Um dos principais expoentes femininos da literatura chinesa ganha mostra de artes visuais intitulada “A poesia de Yu Xuanji em imagens”.

Com curadoria de Oscar D’Ambrosio, a exposição propõe uma releitura dos poemas compilados no livro Poesia completa Yu Xuanji (Editora Unesp, 2011).

Para a ocasião, nove artistas do Grupo Oka mais uma artista convidada, criaram obras de 40cm x 40cm, desenvolvidas nas mais diferentes técnicas, a partir da interpretação de cada artista plástico a um poema de Yu Xuanji (844 – 869).

Para que seja possível a leitura da obra por parte do público, junto à imagem de cada artista, haverá o poema em português e em mandarim.

Nascido a partir da reunião de artistas participantes da exposição coletiva Dialogue I, realizada na China em junho de 2010, o Grupo Oka, foi batizado a partir da ideia de gerar um espaço simbólico de reunião de uma tribo de artistas.

Só neste ano o grupo realizou exposições no metrô de São Paulo, na Praça Vitor Civita, além de mostras em Jundiaí e no Museu do Café em Botucatu.

Quadro inspirado em poema “Comovida ao final da primavera: a um amigo”.

M. Clarice Sarraf impressiona pela seriedade como executa a sua obra, principalmente no estabelecimento de um diálogo entre o nanquim e a aquarela. As duas técnicas estabelecem uma conversa sempre em busca de uma maior expressividade, com gradações a serem exploradas.

GILBERTO HABIB

Artista e professora, estudou com Mário Zavagli, Chien Kong Fang e Tomoshigue Kusuno, entre outros.

De traços simples, o essencial de sua obra é a vinculação com os artistas viajantes e paisagistas que ao longo da história retrataram os lugares históricos e as transformações urbanas das grandes cidades.

Trabalhando com papéis de pequenas dimensões, suas pinturas são registros de espaços e arquiteturas que habitamos:   nosso olhar se detenha. Por isso também a importância de seu gesto reside em captar aquilo que, só o do tempo, a renovação da paisagem e aconsequente reconstrução da memória, passa a adquirir novos significados.